Luiz Gonzaga

Frater Optimus e os Ensinamentos de Luiz Gonzaga

Frater OptimusFrater Optimus, o mago das antigas, coloca nesta coluna suas ideias sobre esse mundo esquisito em que vivemos hoje. Ele é partidário do “na minha época tudo era melhor”. Às vezes ele tem razão, mas às vezes não. Fique à vontade para discordar.


Era só o que me faltava. Depois de tantos anos (60? 70?) ouvindo o mesmo disco, só agora fui perceber que uma música do Luiz Gonzaga explica com perfeição essa nova leva de supostos “magistas”. (Eu fico até meio incomodado de usar essa palavra para definir essa gente.) Um dia desses, estava tomando meu chá da tarde quando decidi tirar a poeira de uns discos antigos. Achei esse do Luiz Gonzaga, passei um paninho e coloquei na vitrola. Estava lá tomando meu chá e uma música me fez morrer de rir. Porque reflete exatamente esse pessoal aí de hoje em dia.

Respeita Januário. Você já ouviu? Se não ouviu, em que planeta você passou o último século? Ouça, vou pedir para o menino do computador colocar a música aí embaixo.

Caso você não tenha entendido nada, explico.

Luiz Gonzaga saiu lá do sertão e foi tentar a sorte no “sul” (estamos aqui falando de um Sul metafísico, que engloba qualquer latitude abaixo da Bahia dentro do território brasileiro). Fez sucesso no “sul”, vendeu muitos discos. Voltou à terra natal, a cidadezinha com o curioso nome de Exu, com sua sanfona altamente tecnológica, cromada, com cento e vinte baixos, se achando o rei da cocada preta. Se achando melhor do que o pai, Seu Januário, que tocava sanfona muito antes dele nascer. Uma sanfoninha simples, de oito baixos, mas Seu Januário tirava dali um som que não tinha igual. Será que Gonzagão, com sua sanfona tecnológica e seu sucesso comercial, conseguia superar o pai?

Eu acho que não.

E aí entra a parte da música que eu acho a melhor de todas:

Sanfonona grande danada, cento e vinte baixos!
É muito baixo!
Eu nem sei pra que tanto baixo!
Porque arreparando bem, ele só toca em dois
Januário não!
O fole de Januário tem oito baixos, mas ele toca em todos oito
Sabe de uma coisa? Luiz tá com muito cartaz!
É um cartaz da peste!
Mas ele precisa respeitar os oito baixos do pai dele

E foi ouvindo essa parte que eu desandei a rir sozinho, e quase me engasguei com meu chá. Porque esse pessoal aí, esses magos da Internet, está fazendo o mesmo papel de trouxa que o Luiz Gonzaga.

Não adianta você ter acesso a toda a informação, participar de várias “comunidades”, fazer parte de diversas ordens (aliás, essas ordens de hoje em dia… sem comentários), ler todos os livros do mundo, ter cento e vinte baixos na sua sanfona, se você só sabe tocar em dois. É exatamente isso que essa juventude tem feito: lê um milhão de livros, assiste mil filmes nesse tal YouTube, mas só sabe fazer RMP e tocar uma bronha. Isso me revolta.

Seja menos Luiz Gonzaga, seja mais Januário. Você não precisa de tudo isso. O que você precisa é praticar muito e dominar as técnicas essenciais. Invocação, evocação, divinação, encantamento, iluminação. Essa turma de hoje nem sabe o que é iluminação. Pensam que iluminação é essas lâmpadas horríveis, esbranquiçadas, que economizam energia, mas só servem para deixar qualquer ambiente com cara de hospital.

Eu não estou sendo intransigente, veja bem. Eu acho que a combinação perfeita seria Januário armado com a sanfona de Luiz Gonzaga. Conhecer novas técnicas e métodos é positivo. Mas não adianta nada se você não domina o básico.

E se você não estiver interessado em aprender o básico, e insistir no erro de querer abraçar o mundo com suas mãos, aí o problema é seu. Mas pelo menos não desvalorize quem segue esse caminho. Respeita Januário.

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